sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Combate ao Sida em Mãos Femininas


As mulheres passarão, dentro de pouco tempo, a liderar o combate contra o HIV/SIDA e outras doenças de transmissão sexual. Será um combate com uma arma sublime, os microbicidas, cujas características já prenunciam um único vencedor: a espécie humana.


Microbicida é tudo aquilo que mata micróbios. A sua aplicação no campo da medicina já tem alguma história, que começa com a descoberta da penicilina por Flemming, em 1928.
Contudo, a penicilina tem hipóteses praticamente nulas quando se trata de matar o HIV, o vírus que provoca o SIDA. Porquê?
Esta é provavelmente a pergunta que serviria de base para o início de investigações na esfera da aplicação de Microbicidas no combate a doenças transmitidas por via sexual, de forma particular no Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, na província de Maputo.
Khátia Munguambe, daquele Centro, explica que o microbicida em investigação será produzido em forma de gel. Este gel funcionará como uma espécie de armadilha que «captura e imobiliza» o HIV ao longo de uma relação sexual.
Quer dizer, antes do acto sexual, a mulher introduz o gel no seu órgão genital. Em contacto com o sémen masculino, o gel actua sobre o HIV, impedindo-o de invadir as células vaginais e, por assim dizer, prevenindo a infecção.
A nível das relações humanas, sobretudo no que diz respeito aos estereotipos relativos à feminização do HIV/SIDA, o microbicida vai reforçar a auto-estima da mulher, pois ela, como garante Khátia Munguambe, «não mais precisará de consentimento do parceiro» e, por tabela, assumirá o protagonismo que merece na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Neste momento, quinhentas mulheres estão envolvidas na investigação do Centro da Manhiça. Os resultados são «animadores» e que «poderão ultrapassar as expectativas» em termos de aceitabilidade do gel por parte da sociedade.
A fase do estudo de viabilidade termina em Outubro. Nos meses seguintes iniciará uma fase piloto de seis meses, ou seja, aquela em que haverá utilização efectiva do microbicida e Khátia Munguambe sublinha que «caso os ensaios clínicos demonstrem uma eficácia de pelo menos trinta porcento», o gel estará à disposição das mulheres em vários locais e a preços acessíveis.

Refira-se que tais ensaios clínicos estão igualmente sendo feitos noutros países africanos, tais como Uganda, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia, onde os resultados são «animadores».
O uso do gel microbicidas é importante sobretudo nos países onde se pratica o sexo “seco” e nas zonas onde factores culturais e socio-económicos contribuem para que as mulheres pouco se imponham sobre os parceiros em relação ao uso do preservativo.
Em Moçambique esta iniciativa está a ser implementada pela Fundação para o desenvolvimento da Comunidade e pelo Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, com o apoio da Medical Research Council da Inglaterra e da Fundació Clínica, da Espanha. O mesmo tem um financiamento garantido de cerca de 1 milhão de euros, desembolsados pela European Development Clinical Trials Partnership, Cooperação Espanhola e International Paternship on Microbicides e pelo DFID.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

FDC Facilita Acesso a Água em Matutuine


A água é essencial para a vida humana - para a saúde básica e a sobrevivência, bem como para a produção de alimentos e as actividades económicas. Infelizmente, as estatisticas mundias ainda apresentam dados assustadores de pessoas que continuam a ter restrições a este precioso liquido. Mais de mil milhões não tem acesso a água limpa em todo o mundo e mais de dois milhões não têm acesso a um saneamento básico, o que constitui principal causa de várias doenças.


Desde o dia 23 de Outubro, as comunidades de Hindane e Mungazine, no Distrito de Matutuine, Província de Maputo deixaram de fazer parte desta triste estatistica, como resultado da entrega de dois furos de água e de três poços, num esforço que se insere no Projecto de Habilidade Básica Integrada de Matutuine, que a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade esta a desenvolver no distrito desde em 2007.
A abertura de novas fontes de água naqueles pontos resulta do facto destas serem zonas secas, semi-áridas e sem fontes de água, referem os responsáveis do projecto. Estudos prévios, demonstraram que as regiões em causa apresentam nas suas profundezas, água insalubre devido ao alto teor de calcário. Os locais onde foram montadas as infraestruturas foram os poucos que se mostraram viáveis, sendo em Mungazine, para grandes perfurações e Hindane onde apenas era possível a abertura de poços.
Para as construções foram necessários dois meses, tendo o processo incluido a formação e a capacitação dos comites de gestão de água, unidade responsável por assegurar a boa gestão das infraestruturas, dos quais fazem parte algumas estruturas locais.
Esta boa nova para os residentes de Matutuine, é parte de um pacote inclue construção de casas melhoradas, escolas, postos de saúde, melhoria do sistema de saneamento, apoio no desenvolvimento sócio e económico do distrito.
Vale a pena recordar que em 2002, o Comité da ONU para os Direitos Económicos, Sociais e Culturais reconheceu que o acesso a quantidades suficientes de água limpa para uso pessoal e doméstico é um direito fundamental de todos os seres humanos, ao afirmar que "o direito humano à água é indispensável para vida com dignidade humana. É um pré-requisito da realização de outros direitos humanos”.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mulher Rural Clama pelos seus Direitos



A mulher rural continua a enfrentar barreiras para poder aceder a créditos, ao ensino, a saúde, ao Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT), entre outros benefícios sociais. Ainda assim, continuam a constituir a principal força de trabalho na agricultura, por sinal um dos principais pilares do desenvolvimento em Moçambique.
Comemorando o 15 de Outubro, dia que as Nações Unidas instítuiu para exaltar os feitos e partilhar os desafios destas que são o principal motor do desenvolvimento- Mulher Rural, cerca de mil (1000) mulheres vindas de todos os distritos da Província e da Cidade de Maputo, concentraram-se no Distrito de Boane.
A cerimónia que contou com a presença de membros do governo central, representantes da sociedade civil e populares, serviu para uma apresentação formal da FOMMUR (Forúm Moçambicano das Mulheres Rurais), criado em 2008, refletir sobre o posição da mulher na família, comunidade e no país e partilhar alguns resultados alcançados no dia-a-dia.
"Trabalhamos muito, mas recebemos pouco. Produzimos muito, mas vendemos pouco. Não podemos pedir crédito para aumentar a nossa produção, porque não temos condições que os bancos exigem", clamavam as mulheres para os representantes do governo, quando pediam ajuda para encontrar formas de lhes retirar desse ciclo vicioso que tende a se perpetuar na sua vida delas.
A organização, não concorda com o facto de apesar da sua forte participação na economia moçambicana, "as caras e as vozes das mulheres rurais continuam invisíveis".
O governo reconhece as preocupações avançadas e assume que há necessidade de continuar a potenciar as mulheres rurais, pois estas "são a força motriz do desenvolvimento do país"- Salimo Valá, Director Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural. Por sua vez, Célia Buque, Directora Nacional da Mulher, apelou as mulheres a apostarem na alfabetização, como um importante instrumento de integração no processo de desenvolvimento e melhor se integrarem no processo de desenvolvimento.

Em Moçambique, as mulheres constituem 52% da população, avaliada em 20 milhões de habitantes. O universo das mulheres rurais ocupa cerca de 70% da população feminina, sendo que a maioria delas trabalha no campo.
A iniciativa de promover o respeito deste grupo importante para o desenvolvimento é coordenada pela Fundação para o Desenvolvimento para a Comunidade, em coordenação com o Forúm Mulher, FORCOM, MUGEDE, Action Aid e Oxfam GB.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sociedade Civil Mostra-se Disponível para Rever a Lei Eleitoral

No âmbito do processo eleitoral que decorre no país (Moçambique), representantes de organizações da Sociedade Civil que incluem Congregações Religiosas, Centros de Pesquisa, Observatórios Eleitorais e Fundações, reuniram-se no dia 14 de Outubro para uma reflexão conjunta. No encontro, as organizações debruçaram-se sobre o actual momento político e, sobretudo, sobre as responsabilidades e tarefas que cabem as organizações da Sociedade Civil, tendo concluído com a emissão de um comunicado.
O documento, destaca a necessidade de uma reflexão profunda e de reformas do sistema eleitoral, dos desposítivos legais que orientam todo o processo,  bem como dos mecanismos de constituição e as funções dos principais órgãos eleitorais (CNE e STAE), que segundo os participantes carece de ser ajustado ao estado de desenvolvimento da democracia e da sociedade moçambicana.
Os presentes, entendem ser necessário e urgente o início de um processo de reforma do pacote eleitoral, a ser liderado pela sociedade civil, envolvendo os cidadãos a todos os níveis, pois, o processo eleitoral diz respeito a todos, pelo que a apresentação da proposta do pacote eleitoral não deve ser deixado apenas a cargo dos partidos políticos.  
O comunicado termina com um apelo das organizações no sentido de todos os actores sociais respeitarem o pluralismo de ideias, o respeito e a tolerância.

Importa referir que o encontro que culminou com a emissão do comunicado, contou na primeira parte com a presença do Presidente da Comissão Nacional das Eleições (CNE), Dr. João Leopoldo da Costa, que informou aos participantes sobre o ponto da situação dos preparativos para o dia da votação (28 de Outubro). Caracterizando o actual momento de campanha eleitoral, este referiu que os partidos políticos tem estado a se comportar a contento, sendo que os ánimos andam menos exaltado, o que faz antever que o processo decorrera num clima de paz. No que se refere as condições para a existência de fraudes, Leopoldo da Costa assegurou que tudo está sendo preparado para reduzir ao máximo possível a possibilidade de ocorrência das mesmas, tendo de seguida convidado a sociedade civil a desempenhar o seu papel de fiscalizador do processo.

Lançada a Semana da Mulher

Foi lançada na manhã da terça feira (13 de Outubro) a semana comemorativa alusiva ao dia das mulheres rurais. O acto que decorreu numa das salas de reuniões da Cidade de Maputo, foi orientado por Narciso Matos, Director Executivo da FDC, tendo contado com a participação de cerca de uma centena de mulheres vindas dos Distritos de Boane, Marracuene, Manhiça e Ressano Garcia.


Na cerimónia, Narciso referiu-se da necessidade de se flexibilizar os mecanismos de acesso aos meios de produção, para este grupo que em Moçambique representa cerca de 70% da população feminina. Segundo ele, durante esta semana "pretendemos fazer uma reflexão a respeito do que está sendo feito e o que precisa de ser melhorado no campo para aliviar a vida das mulheres rurais".


Eva Mabui, do Ressano Garcia, avançou a "Comunidade Activa" que as mulheres rurais manifestaram no encontro as suas preocupações em relação a discriminação no acesso ao crédito, ao limitado acesso a terra, a exclusão nos processos decisórios, entre outras. Segundo ela, apesar de muitas mulheres rurais serem analfabetas, são elas que garantem grande parte da produção alimentar e cuidam da familia.


Importa recordar que o ponto mais alto das comemorações será no dia 15 de Outubro, quando se juntarem em Boane cerca de 1000 mulheres de todos os distritos da Província e da Cidade de Maputo, para partilharem algumas experiências do dia-a-dia.


O dia da Mulher Rural foi instituido pelas Nações Unidas durante a Conferência de Pequim em 1995 com o objectivo de tornar visívil as suas acções, reivindicar os seus direitos, ressaltar o papel preponderante que as mulheres rurais desempenham e que podem desempenhar no crescimento do país quando emponderadas.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Saúde Materno Infantil: Vacina da Esperança Renova sorrisos na Zambézia


O compromisso assumido pela Embaixada da Noruega para financiar em 2.3 milhões de dólares o projecto de apoio ao programa de vacinação, renova a esperança de um futuro risonho para as mamãs e crianças na Província da Zambézia.

Não se pode vacinar por vacinar. É preciso que se assegure uma vacinação de qualidade. Isto é: melhorar conservação das vacinas, capacitar o pessoal afecto ao programa, garantir a regularidade do fornecimento do “stock”, um registo eficaz dos dados estatísticos, entre outras medidas. É isso que a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), coordenador do projecto compromete-se em fazer na Zambézia.

Com taxas de mortalidade infantil mais elevada do país, 205 por mil nascimentos, Zambézia vai poder “renovar em 100% a cadeia de frio para a conservação das vacinas, com o oferecimento de 170 geleiras bivalentes (a gás e eléctricas), reabilitar o depósito provincial de vacinas, vai receber 5 viaturas, capacitar o pessoal da saúde”- Dr. Abdul Carimo, representante da FDC.

Tove Bruvik Westberg, Embaixadora, reconheceu que “o projecto é um exemplo de como as parcerias podem contribuir para o alcance dos objectivos globais”.

"O vírus não é nada, o terreno é tudo", dizia Louis Pasteur, responsável pelo uso científico da vacina, quando explicava que os vírus só se multiplicam sem controle (gerando doenças) em um organismo, se encontrarem terreno favorável para isso.

Esta iniciativa insere-se num projecto que iniciou em 2002 na Província de Cabo Delgado, tendo sido desenvolvida em 2006 na Província de Nampula, onde os níveis de cobertura de criaças completamente vacinadas chegaram a atingir a 80%.
As vacinas são o meio mais eficaz e seguro de protecção contra certas doenças. Mesmo quando a imunidade não é total, quem está vacinado tem maior capacidade de resistência na eventualidade da doença surgir. Além da protecção pessoal, traz também benefícios para toda a comunidade, pois quando a maior parte da população está vacinada interrompe-se a transmissão da doença e aumentam-se os sorrisos.